Descalça vai para a fonte é o retrato de uma jovem popular, que se move num espaço campestre, a caminho da fonte. Este motivo poético é muito antigo.
Leanor vai descalça, leva o pote da água à cabeça, tem cabelo loiro que prende com uma fita vermelha, “cinta de fina escarlata / sainho de chamalote», «traz a vasquinha de cote / mais branca que a neve pura”. Excelente colorido.
A primeira volta é quase só uma enumeração, com que se pretende ir traçando o retrato da rapariga. Reparar nos verbos de movimento: leva, vai...
Nas «mãos de prata» está uma metáfora de sentido hiperbólico; no final há a hipérbole e a comparação. Atenção também à anástrofe.
Na segunda volta, continua a enumeração. O poeta fixa-se agora na cabeça da jovem. Remata também em hipérbole, com uma curta alegoria e comparação. Continuam os verbos de movimentos e a anástrofe.
Poema de tipo palaciano, é construído de delicados e hiperbólicos achados, mas de bom gosto.
Ver a modernista paráfrase de A. Gedeão.
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